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Medição da pobreza é tema do Fórum Permanente

Para Ana Elisa Spaolonzi, a questão precisa ser discutida em perspectiva multidimensional



Texto: Fernando Barbosa  |  Fotos e edição de imagem: José Irani  


A Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp realizou, na última segunda-feira (7), mais uma edição do seu Fórum Permanente. Os  debatedores traçaram um panorama sobre a situação da pobreza, a partir de dados levantados com o método Multidimensional. Possíveis causas e soluções para o enfrentamento desse problema mundial foram levantadas.  O evento foi realizado no Centro de Convenções (CDC), com transmissão ao vivo pela página dos Fóruns no Youtube, e foi organizado pelos professores Ana Elisa Spaolonzi Queiroz Assis, da Faculdade de Educação (FE); Luís Renato Vedovato, da Faculdade de Ciências Aplicadas  (FCA); e Daniel Francisco Nagao Menezes, da Faculdade de Direito da da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

Os dados da pobreza no mundo, debatidos nesse Fórum, foram extraídos da pesquisa com entrevistados dentro da “Teoria Multidimensional da Medição da Pobreza”, proposta por Peter Townsend e Joanna Mack, que constrói relacionamentos significativos com os direitos fundamentais. Esses apontamentos foram debatidos pelos convidados em quatro mesas temáticas: “A Pobreza Multidimensional e a Abordagem Consensual”, “Região Metropolitana de Campinas, Direitos Fundamentais e Pobreza Multidimensional”, “Impactos da pesquisa sobre Pobreza Multidimensional nas políticas públicas e no trabalho e  Direito”, “Justiça Social, Dignidade Humana” e “Abordagem Consensual na medição da Pobreza Multidimensional”. Entre os convidados, participou do debate Shailen Nandy, da Cardiff University, do País de Gales.

A primeira mesa, conduzida por Ana Elisa Spaolonzi, deu o tom das discussões que nortearam o dia. “É uma questão que assola a América Latina, em geral, desde quando nós fomos entendidos por outros como colonizados”, disse ela. “Hoje, a questão da pobreza precisa ser discutida em uma perspectiva multidimensional, ou seja para além de uma discussão que seja exclusivamente financeira, monetária, e consiga explorar os diversos aspectos que acabam assolando a todas e todos nós”, pontuou a mediadora.

Para Priscila Pereira, da Universidade de Brasília (UnB), as diferenças econômicas e de necessidades básicas estão inter relacionadas. “Se a gente tomar a satisfação com a vida, aquela pergunta, de 1 a 10 sobre a medida da felicidade, dinheiro traz felicidade? A gente pode dizer que sim. Por esse modelo, de certo modo, a resposta é sim. O dinheiro traz felicidade porque, condições de vida como conforto, educação, acesso a bens, permite que você tenha percepções positivas da vida”, provocou a professora.

De acordo com Flávia Uchoa Oliveira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), é importante que os dados levem em consideração as diversas realidades abrangidas. “A grande discussão da abordagem consensual é de se discutir o que é o padrão de vida digno, a partir de itens que podem fornecer uma maior democratização da discussão” afirmou ela.

Silvio Beltramelli Neto, do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, aposta nas direções que os levantamentos em discussão apresentam como forma de trilhar caminho para superação das deficiências nas condições trabalhistas e de pobreza. “Não me parece que sozinho o trabalho decente vá significar a superação das condições de pobreza”, afirmou. “Se queremos disputar uma noção consistente de trabalho decente, temos que pensar se essa abordagem consensual não nos dá um caminho para identificar essas condições e, a partir disso, reivindicar a ideia de trabalho decente, em termos promocionais e jurídicos”, concluiu Beltramelli.

O Fórum Permanente da Unicamp tem agenda anual de debates com temas relevantes locais e mundiais. A agenda dos debates pode ser consultada no site da Pró Reitoria de Extensão e Cultura (Proec/Fóruns).