Histórico


Em agosto de 2006 o diretor do Instituto de Artes da Unicamp, professor doutor José Roberto Zan, solicitou a inclusão do Museu Universitário de Arte/Unicamp no Cadastro Nacional de Museus, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tomando por base o acervo da Galeria do Instituto de Artes, composto então de mais de 600 peças, entre pinturas, esculturas, objetos, gravuras e desenhos. Esta iniciativa visava possibilitar a captação de recursos por meio da Lei Rouanet para reforma e ampliação da área física da atual galeria que salvaguardava essa coleção, na área que ocupa de 330,00 m² em edifício tombado pelo poder público (Prédio da Biblioteca Central César Lattes da Unicamp). Desse total, 220,00 m² são destinados à função principal da galeria para exposições. Almejava-se assim a melhoria das condições de conservação e apresentação do acervo. Buscava-se com este gesto, dar o primeiro passo para a transformação institucional da galeria em museu, o que possibilitaria a ampliação de seu corpo de funcionários e a implementação de uma política consistente de aquisições. Em maio de 2008, a professora doutora Sara Pereira Lopes, então diretora do Instituto de Artes, assinou o termo de adesão ao Sistema Brasileiro de Museus – do Ministério da Cultura. Em setembro desse mesmo ano, consultou a Reitoria sobre a possibilidade de a galeria/museu ser transferida à responsabilidade da gestão central da Universidade.

Em abril de 2009, dando prosseguimento a essas ações inaugurais, o Reitor da Unicamp, professor doutor José Tadeu Jorge, designa um primeiro grupo de trabalho para analisar a proposta de criação do Museu de Artes e propor os fundamentos do projeto. Este grupo, presidido pelo professor doutor Eduardo Guimarães, assessor especial do Reitor, era composto por docentes de diferentes unidades da Universidade, os professores doutores: Claudia Valladão de Mattos, Flávio Ribeiro de Oliveira, Jorge Coli, Leandro Medrano, Marco do Valle, Marcos Tognon, Maria de Fátima Morethy Couto, Olga Von Simson, bem como pela arquivista Neire do Rossio Martins, do Sistema de Arquivos da Universidade - SIARQ. Em março de 2010, este grupo encerrou suas atividades com a elaboração de um texto que apresentava as principais metas para implantação do museu.

Outra ação de suma importância neste processo foi a doação, sugerida pela Direção do Instituto de Artes, de todo o acervo da galeria, cerca de 1.000 obras, para a Reitoria da Universidade. A proposta foi aprovada pela Congregação do Instituto de Artes, em reunião de 1º de outubro de 2009. O entendimento era de que o gerenciamento da Reitoria para o processo de criação do Museu poderia viabilizar a construção de uma sede própria para o museu. Em abril de 2010, o Reitor da Unicamp, professor doutor Fernando Costa, assinou portaria instituindo uma comissão para este fim.

Esta comissão gestora, composta pelos professores doutores Maria de Fátima Morethy Couto (presidente), Marco do Valle, Mauricius Farina, Sylvia Furegatti, Leandro Medrano e Ana Angélica Albano, reuniu-se com regularidade até agosto de 2011. Entre outras tarefas, trabalharam definições para a denominação de Museu de Artes Visuais da Unicamp; sua identidade visual e a definição dos eixos conceituais do museu, regulamentando sua missão e objetivos. A comissão também selecionou espaço físico para a construção da sede própria do museu e aprovou seu projeto arquitetônico; realizou dois eventos que contaram com a presença de profissionais atuantes ou pesquisadores sobre museus; bem como elaborou o primeiro website do MAV com informações sobre seu processo de implantação. Em janeiro de 2012, o reitor da Unicamp, professor doutor Fernando Costa, criou, por meio de Resolução publicada no D.O.E. em 20/01/2012 pág. 48, o Museu de Artes Visuais da Unicamp, designando como Diretora e Diretora-Associada as professoras Maria de Fátima Morethy Couto e Ana Angélica Albano. Atuaram como membros do Conselho Executivo desta diretoria, em períodos alternados ao longo dos anos, os professores doutores: Marco do Valle, Luise Weiss, Tuneu, Sylvia Furegatti e Lucia Reily.

Entre 2014 e 2017, a diretoria do MAV passa a ser composta pelas professoras doutoras Ana Angélica Albano e Lucia Reily, período em que se fortalece o sentido de educação aliado às propostas expositivas do museu, executadas principalmente por meio do projeto “Conversas com o Acervo” e a organização de Seminários que contaram com a presença de pesquisadores internacionais sobre o campo da arte educação. Nessa diretoria, o MAV ganha nova identidade visual assinada pelo designer Waldemar Zaidler. Ainda sob o impacto dos problemas de contrato e execução da construção do projeto original, a Galeria do Instituto de Artes ratifica a continuidade da parceria com o MAV e acolhe em sua agenda exposições de peças do acervo acompanhadas de publicações de textos de análise sobre os artistas e trabalhos expostos, impressos na forma de folhetos.

Em 2017, com a ampliação do escopo da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários – PREAC de forma que se abarcasse o campo da cultura, essa nomenclatura é revisada e tem início a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PROEC Unicamp. São incorporados à nova pró-reitoria o Museu de Artes Visuais e o Museu de Ciências da Unicamp. Assim, a nova portaria da Reitoria que regula o MAV é apresentada pela Resolução GR-041/2017 que consolida todas as anteriores e pode ser conferida em https://www.pg.unicamp.br/norma/3144/0.

Uma nova diretoria para o MAV é convocada e passa a ser representada pelas professoras doutoras Sylvia Furegatti e Iara Lis Schiavinatto. A dinâmica de trabalho do MAV conta com exposições de peças do acervo e artistas visuais do circuito nacional e internacional por meio de projetos expositivos e curadorias realizadas nos espaços da Galeria do Instituto de Artes; no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, para além de projetos especiais no campus abrindo assim, nova frente de contato e difusão do trabalho da Universidade para o circuito urbano e população de Campinas e região. Além das exposições, o MAV atualiza e renova seu conselho executivo que contribui para a consolidação de sua presença dentro e fora do campus. Assim também tem iniciado sua presença nas redes sociais pelo Facebook. Para acompanhar esse trabalho o museu conta com o apoio do Sistema de Auxílio aos Estudantes - SAE Unicamp e amplia sensivelmente o número de graduandos bolsistas que auxiliam em suas atividades.

O projeto elaborado para este período atribui ao MAV o papel de museu laboratório e visa equivaler as frentes de atuação entre pesquisa, difusão e qualificação do acervo a projetos curatoriais, ampliação das conexões do museu com outras representações do circuito artístico nacional e renovação de sua interface na rede. A partir de 2019, o professor doutor Evandro Ziggiatti Monteiro assume a vice-diretoria do MAV e como arquiteto colabora sobremaneira para a revisão e revitalização da proposta de construção de seu prédio próprio. Soma-se a ele o apoio do Conselho Executivo, e a atuação dos professores doutores, arquitetos, Gabriela Celani e Claudio Lima.

A pandemia do Coronavírus 19 leva os anos de 2020 e 2021 ao trabalho remoto e dificultam o fluxo do projeto construtivo do museu. O MAV assume essa condição a partir de atividades online e organiza vários webinários internacionais, bem como web palestras nacionais alavancando sua presença nas redes sociais do Youtube e Instagram. Seu site oficial passa por renovação e se torna plataforma importante de difusão de novos ensaios textuais sobre peças selecionadas do acervo e outras publicações realizadas naquele e em períodos anteriores que passam a ser disponibilizadas por uma área específica destinada às publicações. O período também oportunizou a verticalização da sistematização interna de dados e trabalho de acondicionamento e conservação das obras do acervo por meio de contratações profissionais especificamente voltadas à essa finalidade. O MAV inscreve-se no Sistema Estadual de Museus – SISEM e trabalha a implantação do sistema Tainacan visando ampliar sua presença institucional e a difusão de seu acervo. Conta para tanto com a expertise de sua equipe técnica, a partir do trabalho desempenhado por Flávia Leão Carneiro, técnica em preservação de acervos que parametriza os dados do acervo, bem como atua diretamente na conexão entre o MAV e a Plataforma Tainacan, via Universidade Nacional de Brasília - UNB.

Em 2022, o MAV Unicamp celebra seu décimo aniversário com o projeto “Paisagem sob Inventário”, proposta de exposição de peças do acervo e de trabalhos de artistas visuais de vários estados do Brasil reunidos no Museu de Arte Contemporânea de Campinas. O projeto contempla um webinário internacional e a publicação de um livro sobre paisagem e arte.

Acervo, constituição e continuidade

A coleção inaugural do Museu de Artes Visuais da Unicamp constituída por cerca de 1.000 obras foi formada ao longo de 20 anos de trabalho da Galeria de Artes e ações do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Unicamp. Por meio de agenda de exposições, palestras; eventos científicos e artísticos de difusão das artes visuais e de sua pesquisa acadêmica, esse conjunto original constitui-se de trabalhos, principalmente bidimensionais, de artistas locais, regionais e nacionais cujo agrupamento pretendia, desde o princípio, firmar o desejo de se constituir um museu de artes para a Universidade.

A partir da doação efetivada pela Diretoria do Instituto de Artes à Reitoria da Universidade, em 2009, forma-se um acervo que conta com peças de pintura, desenho, gravura, fotografia, escultura, arte correio, livros de artista, instalação, vídeo e outras linguagens contemporâneas, datadas de meados da década de 1980 em diante. A maioria dessas obras foi incorporada por meio de doações diretas dos artistas ou de seus familiares e representantes legais, assim como de fundações que respaldam suas memórias. Raras oportunidades trouxeram ao acervo do MAV trabalhos de linguagem Moderna.

O conjunto atual alcança 1379 obras com um novo patamar de atenção, cuidados e divulgação resultantes do amadurecimento do museu. Após revisões sistemáticas, a parcela majoritária do acervo encontra-se catalogada e acondicionada adequadamente, de acordo com diretrizes internacionais. Desse contexto, destaca-se ainda o desafio da coleção de um rico acervo de Arte Correio, constituído por aproximadamente 7 mil itens, datados das décadas de 1980 e 1990, por serem devidamente pesquisados e inventariados.

Ciclos Representativos

Alguns dos mais importantes artistas plásticos brasileiros das gerações passadas estão representados neste acervo, tais como: Antonio Henrique do Amaral, Geraldo de Barros, Renina Katz, Fayga Ostrower, Hermelindo Fiaminghi, Hércules Barsotti, Anatol Wladislaw e Marcelo Grassmann. A eles, soma-se a força de artistas vinculados ao Grupo Vanguarda, que atuou em Campinas, a partir do final da década de 1950, conectando a inovação no campo das artes visuais das capitais brasileiras aos interesses da cidade, representados pela obra de Thomaz Perina, Raul Porto, Mário Bueno e Geraldo Jürgensen. A ponte entre a universidade e o circuito artístico atuante pode ser considerada como estratégia importante do crescimento da coleção que combinou desde cedo a pesquisa de artistas vinculados aos Programas de Pós Graduação da Universidade à produção e circulação nacional de pesquisadores que hoje ocupam o lugar da docência em outras Universidades Públicas e Comunitárias do país, tais como: Beatriz Raucher, Claudio Garcia, George Rembrandt Gutlich, Claudia França, Paula Almozara, dentre outros. Os professores artistas da Unicamp estão igualmente representados e tem no grupo fundador do Instituto de Artes, nomes tais como: Marco do Valle (1954-2018), Bernardo Caro (1931-2007), Fúlvia Gonçalves, Lucia Fonseca, Suely Pinotti, Gilbertto Prado, Ermelindo Nardin, Geraldo Porto, Marco Buti, Luise Weiss, Mauricius Farina, Fernando de Tacca. São docentes que fizeram doações ao MAV, dentre outros de gerações mais atuais, a exemplo de Sergio Niculitchef e Sylvia Furegatti que dão continuidade à presença das pesquisas visuais no campus. A esse grupo somam-se os, artistas visuais egressos da Unicamp que projetam a importância da Universidade para o circuito artístico e cultural, tais como Fábio de Bittencourt (1964-2019), Vânia Mignone, Marcelo Moscheta, Tiago Bortolozzo, Gustavo Torrezan, dentre outros.

Direcionamentos atuais

A partir da revisão constante dos dados de catalogação e fundamentos adotados para a extroversão de seu acervo, o MAV Unicamp tem alcançado nos últimos anos importantes incorporações ao acervo, de artistas de renome no cenário artístico nacional e internacional, tais como: Alex Flemming, Maria Lídia Magliani (1946-2012), Alex Cerveny, Mônica Mansur, Nazareno Rodrigues, Bené Fonteles, dentre outros. Além da classificação de metadados para viabilizar as pesquisas em rede, o MAV mantém política de novas incorporações pautadas pela mediação de sua diretoria e Comissão Executiva. Assim, volta-se às lacunas de representatividade em sua coleção geral, seja ela devida às inovações e variações das linguagens artísticas, seja por questões sociais e culturais prementes no campo da visualidade contemporânea, aspectos que tanto atingem quanto orientam os processos de incorporação museológica mais recentes.