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Química além dos cadernos

Simpósio capacita professores e alunos do ensino médio



| TEXTO MARIA ALICE DA CRUZ | PROEC | ESPECIAL PARA O JU | FOTOS DIVULGAÇÃO | REPRODUÇÃO | EDIÇÃO DE IMAGEM LUIS PAULO SILVA

 

Aluane Almeida, aluna do ensino médio, aceitou o convite do professor para conhecer de perto o ambiente acadêmico para ensino e pesquisa em química. No dia 27 de outubro, ela participou da 11ª edição do Simpequinho, dirigido a estudantes de nono ano e ensino médio. O evento é filho do Simpósio de Profissionais do Ensino de Química (Simpeq), cuja 17ª edição aconteceu na mesma data. Projeto de extensão criado em 2001 pelo Instituto de Química (IQ) da Unicamp, o Simpeq tem como objetivo promover a interação entre docentes da Unicamp e professores da disciplina no ensino médio. O programa é dirigido também a alunos de licenciatura da Universidade. Já o Simpequinho serve para estimular pessoas como Aluane a conhecer melhor a química, por meio da permanência, por um dia, em salas e laboratórios da academia. “É uma oportunidade boa, pra mim, aprender um pouco da química sem ser escrevendo no caderno”, declara Aluane.

A sensação de estar diante de uma outra química, diferente da lousa e do livro, é compartilhada pela estudante Maria Grochoski. Para ela, a experiência permite conhecer um universo diferente do dia a dia escolar. “A gente tem contato com um monte de experiências divertidas.”

Com os olhos para o horizonte, Mel Bergamasco acredita que a experiência com profissionais da área permite pensar em escolhas futuras. Beatriz Jacon foi surpreendida pela oportunidade da experiência “mão na massa” promovida pelo Simpequinho. Mas as altas expectativas se manifestaram mesmo em quem adora química, no caso, Gabriela Amadio. “Gosto da experiência de estar em um laboratório, de criar algumas coisas. E eu acho que estou aprendendo bastante.” 

Se a química é mesmo uma vilã na trajetória escolar, poucos manifestaram, mas talvez o Simpeq consiga desmistificar esta imagem. “Os alunos vêm odiando química, para comprovar que química não é boa, mas saem com outra opinião e passam a ver como uma coisa que tem sentido, tem utilidade. Pode ser que não queiram fazer química na graduação, mas não achando que não faz sentido ou não serve para muita coisa, como pensavam ao chegar”, revela a professora Adriana Vitorino Rossi, do Instituto de Química.

Os professores participantes do Simpeq chegam de vários lugares, geralmente dispostos a aprimorar a performance em sala de aula e conviver com outros profissionais. Entre “A procura é grande. Vem gente de lugar que a gente nem espera: São Paulo, Valinhos, Vinhedo, Limeira, Araras e outras cidades da região de Campinas”, observa Adriana.

 

A professora Adriana Vitorino Rossi: interação com a comunidade

 

O interesse pela participação no evento é tão crescente quanto o desenvolvimento dos participantes, observado ao longo das 17 edições, segundo a professora do Instituto de Química. “Quem acompanha vê o crescimento no próprio jeito de ser do professor de ensino médio. Há hoje uma quantidade enorme de trabalhos. Alguns simples, mas que promovem a interação das pessoas, principalmente na sala de aula.”

Como docente de uma universidade pública, Adriana revela que sempre considerou indispensável a interação com a escola pública pelo compromisso social da instituição. “A gente tem essa característica que define muito bem o que á a extensão: a gente interage com a comunidade, traz a comunidade aqui para dentro da Universidade, sem perder o foco que a formação de pessoal e a formação continuada de professores”, acrescenta a professora.

E quem apresenta o Simpeq às comunidades geralmente são os participantes egressos da própria licenciatura da Unicamp. Segundo Adriana, depois de participar de uma das edições, esses professores voltam ao evento com estagiários de licenciatura. “Mostrando o avanço das gerações”, comemora. É o caso de Carolina dos Reis Dias, participante do Simpeq desde 2007, como aluna da Unicamp, e agora como professora de ensino médio. Segundo Carolina, seus alunos aproveitam o máximo do dia de experimentos e aulas promovido pelo evento. “É muito legal para eles terem contato com outros alunos e verem a química de outra maneira.”

Carolina enfatiza também o fato de o evento promover atividades não somente com profissionais da academia, mas também das indústrias, o que permite ao professor se aprofundar em outros setores do mercado. “É uma gama de pessoas que trabalham com química muito grande. A gente conversa todos os dias com as mesmas pessoas, mas aqui temos a oportunidade de conversar com pessoas diferentes.”

 

Atividades em sala de aula durante o Simpequinho: tornando a química mais acessível 

 

Aquele projeto de fazer mestrado, dificultado pela rotina de sala de aula na escola, pode se transpor da vontade à concretização depois da experiência no Simpeq. Muitos participantes integram o programa de mestrado ou doutorado em química e, mesmo aqueles que, por alguma razão, não optam pela pós-graduação, firmam com determinados objetivos da escola. “O Simpeq orientou caminhos. Sabemos que o universo da ciência não é para muitos. O projeto tenta viabilizar o acesso a todos e isso aumenta a autoestima e a crença no que pode.”

E como se não bastasse a procura pela continuidade acadêmica, recentemente o projeto é tema de pesquisa de pós-graduação. “Olhando isso, vemos que a atividade funciona como formação continuada para professores. Acho que este é o sentido da extensão também. Usar a estrutura da universidade, distribuindo opções e recebendo ideias.”

Veja o vídeo: